Apologia da mediocridade

É o que eu estou a ouvir por estes lados desde há bocado.
A propósito das provas nacionais de aferição e da "exigência demasiado elevada" que fazem hoje em dia às criancinhas na "escola primária" (1.º ciclo do ensino básico?).
Que no tempo delas "ninguém pedia isto!!!", "é demais, coitados dos miúdos, não se lhes pode pedir para saberem tantas coisas, eles não conseguem!!!"
Pois é... é tramado. Especialmente quando se começa a reparar que o rebento em questão não é de facto assim tão especial e superior aos outros, só porque sim e até  porque em pequenino fazia "coisas tão espertas!"...
O melhor é mesmo alinhar por baixo, bem por baixo, para as crianças não "apanharem" traumas, coitadinhas, têm de ser todas "iguais"... ideia parva vinda de uma sociedade mediocrática. O problema é que os progenitores acham sempre que produzem maravilhas, epsecialmente quando são ou querem ser ou fazer parecer de uma "classe social ascendente" (o que quer que isto queira dizer).
Eu só me pergunto quem se preocupa com aquelas crianças que de facto são naturalmente "mais iguais que as outras" e capazes de resolver as provas/testes/o raio que for com níveis de exigência ridículos, apenas para não traumatizar os percentis 30 a 50, numa penada e sem esforço nem estímulo...
É que esses, os medíocres e maus, eventualmente acabam por ter uma classificação semelhante no fim, e os percentis 90 e 95, acabam por perder o interesse e mediocratizar-se...
Esta política de mediocratização tem sido aplicada em muitos lados à laia de uma política de democratização do ensino... parece-me antes uma perversão e conspiração anti-democrática. Na minha opinião as populações indigentes ao nível da cultura e do conhecimento e hábitos de exigência de excelência nos dois sentidos - no que lhes é pedido e no que pedem, por assim dizer - são facilmente manipuláveis e por consequência, eventualmente "tiranizáveis".
Assim e porque queremos acreditar na balela de que "nascemos todos iguais", porque achamos que o produto do nosso gâmetas são consequência directa das nossas capacidades e habilidades (são apenas numa pequena parte e apenas em potencial), andamos lentamente "suicidar-nos" e involuir.
Acho que este é um Fenómeno que os cientistas sociais deveriam dar mais atenção

2 comentários:

Kukas disse...

Subscrevo. Tens toda a razão!

puriska disse...

nao penso q as provam fossem faceis para n traumatizar as crianças mas sim um acto d irresponsabilidad politica, ou melhor uma maneira que o governos arranjou para tapar o sol com a peneira, como é sabido o desenpenho escolar dos nossos estudantes nao é nada de louvavel na sua maioria..os professores, politicas de ensino, os pais e a propia sociedade partilham responsabilidades pelo mau desenpenho escolar dos nossos jovens. porem com esta medida genial do nosso governo os problemas acabarao, provavelmente nas proximas eleiçoes teremos um discurso do nosso primeiro ministro a dizer que com ele e com a politica para a educaçao do seu governo os resultados nas provas nacionais foram de um sucesso estonteante, sao os frutos do trabalho da nossa legislatura... o discurso ate é bonito, tenho pena é q s valha tudo para ganhar eleiçoes e mais pena ainda por ser tao facil enganar o povo deste pais...talvez seja as consequencias de uma sociedade sem formaçao.