Tédio, Reloaded

Apanhou-me outra vez hoje.
Sinto-me enfadado, não quero estar aqui, quero estar noutro lugar. Menos sóbrio, em tons menos pastel. Quero apanhar ar fresco, o daqui está viciado e quente.
Estou aborrecido, não me apetece fazer o que tenho que fazer - estou a dar pérolas a porcos desinteressados delas.

Para variar gostava de ter uma conversa um pouco mais culta, profunda e significativa e não limitar-me a ouvir as (mesmas) histórias inanes dos filhos dos outros ou as variações sobre as futilidades da imprensa "cor-de-rosa" que nunca variam ou ainda as barbaridades mais diversas e atrozes sobre tudo e mais alguma coisa, quase sempre sem qualquer tipo de base de sustentação das suas afirmações.
É engraçado constatar – por aqui e "por aí" – que este é, de facto, um povo de gente pequenina e mesquinha onde a palavra Solidariedade termina na porta de casa e os Outros que se lixem...
Quanto aos pobres e aos outros deserdados da sociedade é uma pena que não se possam ao menos esconder assim em cercados, longe da vista e das ruas, essa grande corja de chupista de subsídios e dinheiros públicos.
Isto é tudo uma gente que o que não quer é trabalhar, é falha de moral e de bons costumes e de certeza não é gente de boa fé e de boa índole, não sabem pôr-se no seu lugar, como antigamente!
Especialmente as mães solteiras, essas grandessíssimas levianas. Que abortassem, não era o que queriam e andaram para aí a votar? Que agora é permitido isso e tudo o mais e qualquer dia podemos matar quem nos apetece. O mais engraçado será abortar retroactivamente, sei lá, assim crianças com dez anos... moralistas da treta e da hóstia.
E os bairros sociais deveriam ser assim "tipo fechados e só entrava e saía que fosse para trabalhar, senão ficava lá dentro e que morresse por lá" (ouvi isto, hoje, no café...)

Por isto sobra-me o Tédio e o estado do tempo, o meteorológico, não ajuda. Os dias estão cinzentos e pardos e as mulheres demasiado vestidas para a época e assim nem para alegrar o olho a rua serve.
Sobra-me também o Cinismo e falta-me a inocência para Acreditar, seja lá no que for.

1 comentário:

disse...

eu, num dia destes, ia a passar na rua e ouço uma senhora, que devia vender peixe ou qq coisa do género a dizer para outra: "todas as mulheres que usam perfume, são umas porcas, que não se lavam! não podem ser frescas!"
ora bem, isto é de fugir... estamos em 2008, a época de usar o perfume para cobrir os maus cheiros já passou, mas isso tu tb já sabes!
não me parece que sejamos um povo não solidário, pelo contrario, lembro a questao de Timor, e outras tantas ajudas que temos dado a varios países. Ajudas essas às vezes bem maiores do que as dadas por países bem mais desenvolvidos que nós. Não posso aceitar isso, no entanto o que se gerou foi um profundo sentido de injustiça relativamente a muitos subsidios que são atribuidos e muitas vezes muito mal atribuidos. Por exemplo: o rendimento minimo garantido foi dos mais escandalosos, fazes uma viagem palo interior e vês familias em que o marido está no estrangeiro a trabalhar para sustentar os que cá ficaram, a esposa trabalha no campo, mas tb nao precisa de mais, porque o marido manda pra cá, a receberam esse subsidio, quando tem grandes casas,são bem abastados...não lhes falta nadinha em casa! Outro exemplo é ir até à ribeira do Porto, apreciar a quantidade de namoradinhas dos mitrinhas, já com filhos, com bons corpinhos para trabalhar, mas a não o fazerem porque a seg. social paga, até porque elas armam barraco se alguem lhes nega o direito a ajudas para os filhos!
para quem trabalha isto é revoltante, e nao estou a defender os seres com quem trabalhas, até porque para serem dignas de tais comentarios é porque de facto são mesmo de fugir....
manda-lhes um berro, afinal não és o vociferante...