Decisão
Opinião
JOSÉ MANUEL PUREZA
publicado a 2011-10-28 às 01:05 no DN
Contas feitas, o Governo tira-me a mim e a si o subsídio de férias e o subsídio de Natal para com eles pagar os desmandos da gestão do BPN. O Orçamento do Estado para 2012 prevê um montante de 4,5 mil milhões para avales e garantias do buraco no BPN. A ele acrescem os 1800 milhões que o Orçamento de 2010 destinou a custear a cobertura das imparidades. Se necessário fosse, fica claro, de uma vez por todas, com os numerozinhos todos, que o que pesa realmente na dívida do Estado não é a educação nem a saúde mas sim a vertigem do sistema financeiro que, ao contrário da esmagadora maioria das pessoas, tem vivido irresponsavelmente acima das suas possibilidades.
Ajudado pelo amigo Estado, pois claro. A coisa é de tal ordem que a insuspeita Comissão Europeia se viu na obrigação de abrir uma investigação para saber "se o processo de venda do BPN não implica um auxílio para o comprador". Traduzido para bom português: a Comissão quer saber se o dinheiro do meu subsídio de férias e do seu subsídio de Natal é ou não usado para amaciar obstáculos ao exercício do Banco BIC, de capitais angolanos e liderado por Mira Amaral.
A sentença lavrada esta semana na cimeira de Bruxelas - que os bancos estão obrigados a uma rápida recapitalização que os ponha a salvo de impactos sísmicos à escala de todo o sistema - é um capítulo novo nesta novela em que o vilão exige que o tratem como herói. Os quatro principais bancos portugueses terão de reforçar, em oito meses, os seus capitais em 7800 milhões de euros. Até ontem, o recurso ao envelope a isso reservado pela troika era repudiado com veemência por Ricardo Espírito Santo e seus pares por nem quererem pensar na possibilidade de ver por perto a sombra do Estado como sócio. E o Governo, lesto, foi garantindo que o seu envolvimento na recapitalização dos bancos seria sempre passiva, sem a assunção de posições na respectiva gestão. O Estado dá o dinheiro que a troika lhe empresta, paga-o com os nossos impostos e garante aos bancos que não os vai incomodar nas suas decisões de gestão. Quem é amigo, quem é?
Há nisto tudo um exercício de desmemória, uma revisão da história que apavora. O BPN contaminou criminosamente a economia nacional e vai continuar a onerar cada um dos orçamentos das famílias portuguesas, privando-as de rendimentos essenciais - mas as gorduras a cortar são o meu salário e a sua pensão. Os quatro bancos mais importantes do País impuseram ao Estado a submissão diante da troika, empurrando assim a nossa economia e o rendimento de quem trabalha para o nível a que eles estavam nos anos 70 - mas o Governo jura não querer incomodar e manter-se à margem da gestão de quem esteve objectivamente na origem da nossa queda no abismo.
Só um tão geral esquecimento de como foi que chegámos aqui permite que o primeiro-ministro diga ao País, sem que isso cause escândalo social, que "só vamos sair da crise empobrecendo". Passos Coelho afecta milhares de milhões de euros dos nossos impostos, dos nossos salários, dos cortes nos nossos serviços de educação ou da saúde, ao buraco sem fundo do BPN e é a nós que diz que temos de empobrecer se queremos sair da crise. Garante aos bancos que nos empurraram para os braços da troika e aos compradores dos nossos melhores bens públicos que terão sempre o Estado a ajudá-los mas sem os incomodar, e é a nós que diz que o caminho certo é o do nosso empobrecimento. Reconstruir a história como ela realmente foi tornou-se uma ameaça para os que ganham com esta crise.
Para mais detalhes consulte: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2086181
Isto hoje, subitamente, fez sentido
Cara d'Anjo Mau
(Jorge Palma)
Os teus olhos são cor de pólvora, o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?
Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mar?
Que posso eu parecer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Por ti mandava arranjar os dentes e comprava um colchão
Por ti mandava embora o gato por quem eu tenho tanta afeição
Por ti deixava de mater o dedo no meu nariz
Por ti abandonava o meu país
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Subscrevo e sei-o por experiência
Valupi, no Aspirina B
outra Verdade
Os que agora responsabilizam o anterior Governo pela actual situação económica do País, o que teriam feito em 2008 e 2009 para fazer face à crise internacional? Nada.
Nessa altura, tempos de pânico, convém lembrar, em que se temia o pior para a economia mundial, de tal forma que as instituições europeias autorizaram e incentivaram os Estados membros, incluindo Portugal, a adoptarem medidas para reduzir os efeitos da crise, e consequentemente a aumentarem os respectivos défices, se PSD e CDS estivessem no Governo teriam mandado os senhores dar uma volta. Por cá, ao contrário do que sucedeu nos outros países, contra tudo e contra todos, não se teriam adoptado quaisquer medidas de apoio às empresas e às famílias. Previdentes como são e adivinhando o que ainda ninguém adivinhava para 2010, teriam dado logo início aos planos de austeridade. Remando contra a maré, e orgulhosamente sós, teriam cortado nos salários, reduzido as prestações sociais, aumentado os impostos, os transportes e por aí fora. Apesar de fazerem sempre questão de ser os bons alunos da Europa, nessa altura, teriam mandado os professores à fava e as medidas de combate à crise às urtigas. Provavelmente, entre outras coisas, até lhes chamariam criminosos.
E, claro, o BPN teria falido, o Alberto João teria sido impedido de gastar à maluca e até os submarinos seriam devolvidos à procedência.
É isto, não é?
(ainda no Aspirina B, por guida)
a Verdade
Modernização, inovação, ciência, tecnologia, são alguns exemplos de palavras que, desde que este Governo tomou posse, não podem ser proferidas, seja em que situação for. Estão contaminadas com o vírus socrático, se algum dos actuais governantes as pronunciar corre o risco de se engasgar e cair redondo no chão. O Governo não quer cá nada disso, não está minimamente interessado em passar a imagem de um país moderno, que investe em ciência e que, por exemplo, compete com os melhores na exportação de tecnologia. Não senhor, o que este Governo quer é que volte tudo ao normal, um país pequenino, pobrezinho, atrasadinho, que a única coisa que tem para oferecer a quem queira cá investir é mão-de-obra desqualificada e cada vez mais barata.
Nem percebo os que se queixam da falta de medidas para dinamizar a economia e promover o crescimento, ainda não perceberam que a estratégia do Governo é não fazer nada, é simplesmente esperar que o tempo apague da memória de todos, e se possível para sempre, estas palavras.
Depois, sim, aparecerão os bons negócios.
(no Aspirina B, por guida)
Um grande, grande artigo, no aspirina B
O Rodrigo Moita de Deus faz aqui uma pergunta pertinente. Ora, claro que este orçamento, com os seus cortes muito para além do necessário, não advém de nenhuma necessidade psicológica de ser odiado, ou de sadismo. É apenas frieza calculista.
Numa esquerda em estado de choque, tenho visto dois tipos de explicações para este comportamento. A primeira, é que já sabem que existem mais despesas ocultas da responsabilidade do PSD, ou que a dívida da Madeira é muito maior do que sabemos, e estão já a preparar o terreno para lidar com essas despesas ao mesmo tempo que dão a entender que seriam ocultações do PS. É uma teoria válida, e que não descarto. A segunda, até mais habitual, explica isto com “ideologias” (a esquerda gosta muito de explicar tudo com ideologias). A ideia seria então “destruir” a economia e o país para poderem impor então a sua ideologia “neo-liberal”, cortar os direitos dos trabalhadores, acabar com o estado social, entregar tudo aos grandes interesses económicos, etc, etc.
Aqui, vão desculpar, mas não me façam rir. “Ideologias” nas mentes do PSD? Naqueles broncos que não fazem outra coisa do que aspirar a viver sob a protecção do estado e respectivos subsídios, de preferência encapotados? Só podem estar a brincar. O PSD de Passos falou muito de “liberalismo”, sem dúvida , mas sabemos perfeitamente que, como tudo o que diz, não passou de conversa para enganar tolos.
Para compreender a estratégia, creio que temos que descer a um nível mais básico da política: a manutenção do poder. O governo foi eleito em 2011, tem maioria absoluta e um presidente da mesma cor politica que tem mandato até 2016 , o que significa que só haverá novas eleições em 2015. Ou seja, trocado por miúdos, o orçamento que conta para a reeleição é o de 2014.
Sendo assim, e sabendo que o reajustamento da economia – que tem agora de ser feito desta maneira, uma vez que a direita forçou a vinda da troika – é um processo de muitos anos, havia dois caminhos: o “suave”, negociado por Sócrates, que procura reduzir a despesa tentando provocar menos estragos na economia (isto, claro, dentro da lógica sempre destrutiva da troika), mas que não daria margem para benesses durante um longo período, ou o segundo caminho, agora escolhido – fazer os cortes à bruta em dois anos apenas, marimbar-se para a economia e o sofrimento, ignorar equilíbrios delicados, aceitar a recessão, culpar e diabolizar o governo anterior, para com isto tentar ter margem de manobra para em 2014 poder repor alguma coisa e apresentar algum crescimento. Esta é a verdadeira “almofada” de Gaspar. Sabendo que após uma queda na economia muito superior à necessária ela voltará necessariamente a crescer, sobretudo se for entretanto implementado um programa de investimento europeu para a recuperação económica, permitindo ao PM recolher os louros e afirmar, como afirmará, que é a prova que o caminho foi duro mas estava correcto. Sem que ninguém se aperceba que é mais fácil subir de 10 do que tentar não baixar dos 20 e crescer a partir daí. É a lógica do negociador, levada ao limite – faço-os perder 50, para ficarem agradecidos quando devolver 20. Assim nem se lembram que perderam 30.
Para quem elogia a “coragem” de Passos, relembro que coragem a sério seria implementar medidas que procurassem salvaguardar o mais possível a economia e as pessoas, mas que durariam mais anos – até às eleições, provavelmente para além delas – e seriam sempre impopulares, pondo em risco a reeleição. Isto que se quer fazer não é coragem, é apenas calculismo.
Por isso, ideologia nenhuma, lamento. Sabemos perfeitamente, e a história confirma-o, que se Passos e o PSD pudessem aumentar o défice até aos 10% apenas em benesses e auto-estradas era o que fariam. Mas não podem, porque estão sob supervisão e com o crédito cortado. O orçamento de 2012, e provavelmente o de 2013, não passa de puro cinismo e lógica de poder, indiferentes à sorte dos cidadãos. Exactamente o mesmo pensamento que levou ao chumbo do PEC IV.
Esta parece-me ser a estratégia. E, tenho pena de reconhecê-lo, com alguma sorte é bem provável que funcione.
A ignorância e a putaria foram que os lá pôs...
Afinal, Portugal não é a Grécia. É o Chile. De há 30 anos. Não vamos apenas recuar no rendimento per capita, mas também na História, na integração europeia e, seguramente, na qualidade da democracia. Em prol de quê? - Em prol de uma fé. E a troco de quê? - A troco de uma mão cheia de nada.(...)Nota: O Negócios é um dos poucos jornais onde hoje se lê alguma opinião de facto independente.
Nos anos 1980, um grupo de rapazes de Chicago entrou pela ditadura chilena adentro e "cortou com o passado", fazendo um "ajustamento profundo". Os pormenores não cabem aqui, mas quatro questões importantes cabem: o país era então uma ditadura; não estava integrado num espaço económico e monetário alargado; havia uma enorme taxa de inflação; e os mercados internacionais não estavam de rastos. E o desemprego subiu a perto de 25%, sem subsídios, claro, que isso é para os preguiçosos.
Uma crónica interessante sobre o mais abjecto político desde o 25 de Abril.
EDITORIAL
O sorriso das vacas
À luz do que foi a relação do Presidente da República com cada uma das regiões autónomas, é quase doloroso assistir ao cumprimento da obrigação de Cavaco Silva, que, em plena visita ao território liderado pelo seu arqui-inimigo Carlos César, tem de reagir ao que se está a passar na Madeira. César está manifestamente a gozar o prato, com laivos de sadismo político. Não se inibiu de mostrar como a visita presidencial lhe é, senão desagradável, pelo menos indiferente, e, muito pior, procurou co-responsabilizar o Presidente da República pelo "buraco" na Madeira, ao afirmar ontem que a "situação era conhecida pelo menos do ponto de vista da intuição" dos "principais responsáveis políticos". A intuição é uma coisa, a responsabilidade outra. No entanto, ao contrário do obtuso Estatuto dos Açores, a descoberta do buraco nas contas da Madeira não valeu agora sequer uma missa televisiva. Gerir a situação da Madeira nos Açores é de uma dificuldade tão grande que resta a Cavaco dizer que os "tempos que atravessamos são de dificuldades e devem ser tempos de coesão, não tempos de divisão ou de querelas estéreis". É a única reacção possível ao azar de uma visita presidencial feita ao lugar errado no momento mais azarado da saison política. Que mais pode fazer Cavaco senão "reparar no sorriso das vacas, que estavam satisfeitíssimas, olhando para o pasto"? Por estes dias sombrios, as vacas serão, das criaturas vivas, talvez as mais satisfeitas que há em território nacional. Além de César, o sádico, claro.
Pinóquio Passos Coelho, O Aldrabão Compulsivo
Por Fernanda Câncio, no DN
"Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução."
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."
"Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou."
"Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas."
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."
"O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando."
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
"A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."
"A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."
"Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota"
"O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."
"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."
"Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
Conta de Twitter de Passos Coelho (@passoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010. Os tuites aqui transcritos foram publicados entre Março de 2010 e Junho de 2011 (Esta nota final foi rectificada às 19.30 de sexta-feira, 2 de Setembro)
I am Jack's indisposition with humanity
Um triste palhaço ganancioso, este Mário Nogueira
“São imposições da Troika.” (suspiro) parece desabafar agora, resignado, Mário Nogueira, este cordeirinho.
Se dúvidas ainda houvesse de que as lutas organizadas pela FENPROF no governo anterior eram mera guerrilha política contra o PS servindo-se do descontentamento dos professores com as novas exigências, estas palavras de Mário Nogueira ao Expresso de hoje (sem link, sorry) desfazem-nas completamente, sendo muito elucidativas.
“Cada um tem o seu estilo. Lurdes Rodrigues era duríssima, de difícil relação nas reuniões [já Mário Nog. era de uma afabilidade que comovia...]. Com Isabel Alçada não havia qualquer problema de relacionamento, mas percebia-se que era extremamente frágil do ponto de vista político [Ah, esta já estava a prazo]. Agora há uma coisa que temos a certeza, é que cada vez mais as ideias estão condicionadas às regras da troika [Jura!]. Eu não sei se este ministro acha bem fazer mega-agrupamentos, presumo até que não, mas o certo é que já anunciou que vai fazer mais. As políticas hoje são impostas por fora.”
Ai são? Que conformismo, que conformismo, senhores. Em que acreditava, em que acredita este homem afinal? Até me faz pena, porque suspeito que seja no regresso do PS ao poder para olear de novo as espingardas!
Como se conclui claramente, estes comunas adoram ter cá a troika. Não são mesmo umas crianças? Com gente desta, como podemos indignar-nos que venham aí uns alemães puxar-nos as orelhas e obrigar-nos a ajoelhar, ameaçando com a cana?
Uma última nota:
Depois de tanta azáfama, o que conseguiu o PCP com o seu sindicalista? Que os professores votassem maciçamente no PSD. Missão cumprida, portanto.
Via ASPIRINA B
A very good read.
Christopher Hitchens is always an interesting read. I find his writing entertaining and found him to be a pleasant individual. Recently he wrote of his own impeding death.
In the preface to my first collection of essays, Prepared for the Worst, in 1988, I annexed a thought of Nadine Gordimer's, to the effect that a serious person should try and write posthumously. By that I took her to mean that one should compose as if the usual constraints -- of fashion, commerce, self-censorship, public and perhaps especially intellectual opinion -- did not operate. Impossible perhaps to live up to, this admonition and aspiration did possess some muscle, as well as some warning of how it can decay. Then, about a year ago, I was informed by a doctor that I might have as little as another year to live. In consequence, some of my recent articles were written with the full consciousness that they may be my very last. Sobering in one way and exhilarating in another, this practice can obviously never become perfected. But it has given me a more vivid idea of what makes life worth living, and defending.
This inspired me to reflect upon my own mortality. I, as is Hitchens, am an unbeliever. I lack a belief in a deity of any kind and I have no reason to assume there is life after death. That baffles the believers.
A Estupidez é o Grande Mal do Mundo
Um dique contra a estupidez
07 Setembro 2011 | 11:33
João Pinto e Castro -
Taxar algo ou alguém de estúpido é tido como desagradável, um non sequitur que bloqueia o debate e desencadeia uma escalada de insultos. As boas maneiras instituem assim um pudor de nomear a estupidez de que ela se aproveita para andar por aí à solta.
A leitura do debate que, a propósito da utilidade de se construírem estradas, opõe n' "A Morgadinha dos Canaviais" o Sr. Joãozinho, o Brasileiro e o Pertunhas sugere-nos que é muito mais difícil desmontar um argumento estúpido do que enfrentar um inteligente; logo, a estupidez tenderá a crescer mais rapidamente do que a nossa capacidade para contê-la. Da primeira vez que me apercebi disso entrei em pânico. Depois, consolei-me pensando que não é preciso perder demasiado tempo a discutir argumentos estúpidos porque as pessoas são intuitivamente capazes de recusá-los. Mas serão mesmo?
O tema da estupidez tem sido insuficientemente estudado nas suas causas e consequências. Platão discorreu sabiamente sobre a Verdade, o Belo, o Bem ou a Razão, mas omitiu a investigação do Estúpido (os diálogos com Alcibíades, em que o tema é aflorado, são considerado apócrifos), falha que desde então a filosofia ainda não corrigiu.
Embora tenhamos uma variedade de palavras para designar o estúpido - tolo, palerma, idiota, imbecil, parvo, pateta, simplório, medíocre, básico - damos pouca atenção às nuances de significado que implicam. Por exemplo, palermice é estupidez alardeada como coisa esplendorosa, com consistência e orgulho; mediocridade é estupidez grave, majestosa, quase respeitável; já a idiotice implica uma obsessão, uma intenção estratégica, e, frequentemente, um método.
Como Sophia de Mello Breyner observou, a própria inteligência pode ser colocada ao serviço da estupidez. Pode-se, por isso, fazer dela um modo de vida. Errou pois Carlo Cipolla na formulação da sua Terceira Lei da Estupidez: a florescente indústria da estupidez comprova que um estúpido não é forçosamente alguém que prejudica os outros sem ganhar nada com isso.
É útil a distinção que Musil introduziu entre a estupidez honrada ou genuína e a desonesta ou superior. A estupidez honrada resulta da limitada capacidade intelectual de quem a produz, e não tem remédio. Pelo contrário, a estupidez superior comporta uma cegueira interessada e interesseira. Alardeia saber tudo sobre todas as coisas importantes da vida, quando de facto as ignora. Não há domínio em que não se infiltre, nem ideal, por muito nobre, de que não consiga aproveitar-se. Pode ocasionalmente envergar as vestes da verdade. É uma doença espiritual que opera com total desrespeito pelos demais, uma pretensão de superioridade destituída de qualquer fundamento no conhecimento efectivo daquilo de que se fala. É filha da soberba, um pecado capital hoje muito tolerado.
As grandes tragédias humanas não resultam da ignorância, da cobiça ou da malvadez, mas da pura e simples estupidez. Não porque a maioria das pessoas seja estúpida, mas porque em situações de complexidade extrema nos tornamos vulneráveis à estupidez. Há poucas coisas mais poderosas que a estupidez que está na moda. A difusão da estupidez encontra-se aliás tão facilitada pelos meios de comunicação contemporâneos que ela dá a volta ao mundo enquanto a lucidez acaba de calçar as botas.
Flaubert, um persistente estudioso da estupidez humana, concluíu ao cabo de anos de aturada investigação: "Estupidez, egoísmo e boa saúde são as três condições da felicidade; se bem que, faltando a estupidez, tudo estará perdido." Agrada-lhe esse projeto de vida?
Seria estúpido buscar uma solução simples, rápida e eficaz para a estupidez, mas todos podemos exercitar a nossa capacidade de resistir ao seu contágio.
Evite dar ouvidos a monomaníacos, gente de uma só causa e uma só ideia. Mas não desconfie menos daqueles que estão sempre prontos a discorrer a todo o momento sobre qualquer assunto, sobretudo se forem vivos de espírito. Duvide de afirmações taxativas, unilaterais, lapidares. Procure conhecer as opiniões contrárias, principalmente aquelas de que à partida discorda. Lembre-se de que, se toda gente concorda com algo, provavelmente tratar-se-á de um erro.
Faça de conta que o mundo existe fora das suas opiniões. Pratique a ironia em relação às suas certezas pessoais. Ensaie pensamentos desconfortáveis. Duvide. Esqueça. Aprenda.
O cepticismo, outrora luxo de filósofos, é agora necessidade que todo o cidadão precisa de cultivar, sob pena de a estupidez tomar conta do mundo.
Director-geral da Ology e docente universitário
jpcastro@ology.pt
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Uma opinião demolidora.
Foi sol de pouca dura
A entrevista de Vítor Gaspar à SIC - conduzida de forma brilhante por José Gomes Ferreira – marcou o inicio da queda deste Governo. Numa altura em que se exigem sacrifícios brutais aos portugueses, é necessário que o Ministro das Finanças apresente um discurso claro, esclarecido e simultaneamente encorajador. Vítor Gaspar transmite tudo menos coragem e esperança. As suas intervenções são monótonas, enfadonhas e pouco claras para a maioria dos Portugueses – pelo menos para aqueles que não viveram nos últimos anos "encafuados" nos gabinetes de estudos económicos do BdP e CE. Chegam mesmo a assemelhar-se a sessões baratas de hipnotismo para ajudar a deixar de fumar... Quando VG termina uma frase já toda a gente se esqueceu do que tinha dito no inicio da mesma – um pesadelo para os jornalistas que acompanham as conferencias de imprensa.
A verdadeira vocação deste ministro ficou bem patente na sua intervenção na Universidade de Verão do PSD: ensinar.
Mas como explicar que um prestigiado académico que publicou dezenas de artigos, reflexões, estudos etc... sobre como cortar na despesa publica e equilibrar o défice, ao chegar ao governo apenas consiga aplicar a velha formula do aumento de impostos? A resposta é simples: o papel e os quadros de ardósia aceitam tudo o que neles se escreve.
O que é feito das anunciadas reduções na despesa? O próprio Documento de Estratégia Orçamental (não passa de um ataque à anterior governação socialista) não concretiza nada em termos de cortes às “gorduras” do Estado. Este executivo revela não ter nenhum interesse em enfrentar os lobbies, os grupos de pressão, os caciques das distritais, os boys instalados nas suas cadeiras douradas... Por outro lado, não hesita em destruir – ao invés de restruturar ou racionalizar – o estado social, uma das grandes conquistas europeias!
A subserviência e bajulação de PPC à Sra.. Merkel, alinhando-se contra os Eurobonds – única hipótese plausível para evitar a desintegração do Euro – é ridícula e seria mesmo motivo de chacota não fosse estar em risco a sobrevivência de Portugal e da Zona Euro.
Este Governo tem os dias contados! Bastaram as criticas de Ferreira Leite, Marques Mendes e João Almeida para instalar o caos na coligação. Isto sem sequer haver uma oposição credível por parte do PS! Imagine-se quando a contestação social sair à rua. Quando os poderosos sindicatos arregimentados pelo PCP paralisarem o país de Norte a Sul.
Veremos se a minha premonição se confirma! Eu não tenho duvidas! Este Governo está a prazo!
P.S: Como não tenho Facebook não posso seguir os comentários e opiniões do nosso estimado PR.
Deixo aqui isto, no regresso das férias
Bem visto...
Estar pessimista, sentir ataques de ansiedade e deixar-se levar pelo pânico por causa das crises no sistema financeiro deste ou daquele país, ou por causa da ameaça de recessão internacional, é um luxo só acessível aos ricos.
(visto @ Aspirina B)
A política perversa da crise financeira (Jornal de Negócios)
LuigiZingales -
Ao tentar entender o padrão e o momento das intervenções governamentais durante a crise financeira, devemos talvez concluir que, parafraseando o filósofo francês Blaise Pascal, os políticos têm incentivos que a economia não consegue entender.
Do ponto de vista económico, o problema é simples. Quando a solvência soberana se deteriora significativamente, a sua sobrevivência torna-se dependente das expectativas do mercado. Se as expectativas indicarem que a Itália é solvente, os mercados vão emprestar a taxas de juro mais baixas. A Itália vai ser capaz de cumprir as obrigações actuais e muito provavelmente, também, as obrigações futuras. Mas se muitas pessoas começarem a duvidar da solvência do país e a exigir um prémio mais elevado, o défice orçamental do país vai piorar e é provável que a Itália entre em incumprimento.
Se um devedor como a Itália acaba protegido pelas boas expectativas ou cai num pesadelo depende, muitas vezes, de algumas "notícias coordenadas". Se todos esperarem que um corte de "rating" torne a dívida italiana insustentável, a Itália entrará, de facto, em incumprimento após o corte, independentemente dos efeitos deste corte na economia real. Esta é a maldição do que os economistas chamam de "equilíbrio múltiplo": quando espero que os outros comecem a fugir, é óptimo para mim começar também a fugir; mas se todos mantiverem a calma, não tenho incentivos para fazer algo diferente da maioria.
Tendo em conta esta dinâmica económica, parece haver duas receitas políticas óbvias. Em primeiro lugar, é muito perigoso para qualquer país aproximar-se de um ponto em que a insolvência pode facilmente ser desencadeada. Apesar de ninguém conseguir antecipar este ponto, é óbvio quando começam a soar os primeiros sinais de alarme. Dado o enorme custo de um incumprimento, qualquer governo deve ficar afastado da zona de perigo.
A segunda receita assume que se, por alguma razão, algum país acabar por entrar na zona de perigo, só há duas respostas que fazem sentido económico. Ou as autoridades reconhecem imediatamente a inevitabilidade de um incumprimento e não gastam recursos para o evitar, ou acreditam que um incumprimento pode ser evitado e disponibilizam todos os recursos à sua disposição o mais depressa possível. Tal como em muitas guerras, um agravamento numa crise financeira leva muitas vezes ao pior resultado possível: uma derrota com elevados prejuízos.
Essa é, infelizmente, a história da intervenção das autoridades norte-americanas durante a crise financeira de 2008. Após o colapso do Bear Stearns ficou claro que iriam haver mais problemas. Ainda assim, o governo dos Estados Unidos não fez nada. Em Julho de 2008, quando a Fannie Mae e a Freddie Mac foram consideradas insolventes, o Secretário do Tesouro prometeu, então, resolver o problema com uma bazuca mas acabou por resolver o problema apenas com uma bala. Foi só após o colapso do Lehman Brothers que Paulson foi ao Congresso procurar a aprovação de um pacote de 700 mil milhões de dólares para estabilizar o sistema financeiro. Mesmo isso acabou por insuficiente.
A mesma farsa parece estar a ter lugar na Europa. Se as autoridades europeias achavam que a Grécia precisava de ser salva, uma intervenção imediata poderia ter minimizado os recursos necessários. Se pensavam que a Grécia devia entrar em incumprimento, uma decisão nesse sentido tinha também minimizado os custos. Agora estamos no segundo pacote de ajuda e parece não haver fim à vista. Entretanto, a Itália está a afundar-se.
Podemos argumentar que os políticos agiram desta maneira porque não entenderam a natureza económica desta crise. Não concordo. Penso que o que os levou a agir desta maneira não foi falta de conhecimento mas sim incentivos perversos.
Primeiro que tudo, mesmo para alguém com os melhores incentivos, é difícil escolher um custo menor que seja pago já em vez de um custo maior que poderá diminuir no futuro. Para um político eleito que já não estará em funções (ou mesmo vivo) quando os custos mais elevados se materializarem a escolha é óbvia. É por isso que os países acumulam dívidas que os colocam na zona de perigo.
Em segundo, não há nenhuma compensação política de enfrentar uma guerra preventiva. Pelo contrário, agir depois dos problemas terem rebentado gera um enorme capital político. Se Franklin Roosevelt tivesse conseguido evitar o ataque a Pearl Harbor com uma intervenção preventiva contra o Japão, ainda estaríamos a discutir se a guerra com o Japão era evitável. Roosevelt esperou e só agiu após a catástrofe e tem sido considerado um salvador. Para agir os políticos precisam de consensos. Mas estes normalmente só aparecem depois dos custos de não fazer nada serem demasiado visíveis. Nesta altura, é muitas vezes demasiado tarde para evitar o pior resultado.
Estes incentivos estão presentes em todas as democracias. Não podem ser eliminados. Mas podem ser atenuados. O Pacto de Estabilidade e Crescimento da Europa foi um esforço nesse sentido - ao criar incentivos para que os países da Zona Euro se mantivessem afastados da zona de perigo. Infelizmente, o pacto falhou miseravelmente. Mas se queremos que o euro sobreviva - e que outros países evitem crises de dívida soberana - precisamos de regras à prova de políticos.
www.project-syndicate.org
Tradução: Ana Luísa Marques
A citação relevante do dia
Adam Smith, in The Theory of Moral Sentiments.
Tenho dito!
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(lame, I know)
If you believe, you can convince yourself. I'm sure you can convince yourself.
This town never gave you much back. Just rumors and a whispering attack.
This town is not your friend. Never mind the loose ends.
Take me with you when you go now. Don't leave me alone.
I can't live without you. Take me with you, take me with you when you go.
And I don't care about the things I leave at home.
Cause things can't really keep you company when you're alone now.
You want to burn your bridges? I'll help you start the fire.
You want to disappear? I got the manual right here.
You say you want my help? I can't help myself.
You want my help? I can't help myself.
Take me with you when you go now. (take me with you take me with you)
Don't leave me alone. (don't leave me alone)
I can't live without you. Take me with you, take me with you when you go.
Take me with you when you go now. (take me with you take me with you)
Don't leave me alone. (don't leave me alone)
I can't live without you. Take me with you, take me with you when you go. Ahh.
(take me with you take me with you)
You want to begin again. Pretend you're innocent.
If you believe. You can convince yourself, I'm sure.
You can convince yourself.
Take me with you when you go now. (take me with you take me with you)
Don't leave me alone. (don't leave me alone)
I can't live without you. Take me with you, take me with you when you go. Ahh.
Take me with you when you go now
Fantasia erótica estival
...e de repente na rádio, uma grande música que me deixou nostálgico
Xutos & Pontapés
Mares convulsos, ressacas estranhas
Cruzam-te a alma de verde escuro
As ondas que te empurram
As vagas que te esmagam
Contra tudo lutas
Contra tudo falhas
Todas as tuas explosões
Redundam em silêncio
Nada me diz
Berras às bestas
Que te sufocam
Em abraços viscosos
Cheios de pavor
Esse frio surdo
O frio que te envolve
Nasce na fonte
Na fonte da dor
Remar, remar
Forçar a corrente
Ao mar, ao mar
Que mata a gente
Influx Capacitor
Eleven-year-old Martin had nothing to do on his day off from school. So he sat alone in his room, doodling in his diary and watching talk shows, since it was too early for cartoons. The particular topic today was "What would you say if you could go back and tell your fifteen-year-old self one thing?"
Every forty and fifty-year old confessed some regret or mistake. Half of them broke down in tears. One balding, grizzled man even looked like him.
"I wish I knew my future," Martin said to himself. He wrote down If I read this in the future and someone's invented a time machine, I'll be alone on June 22nd, he looked at the clock, 1:45 PM.
*FLASH*
A man with a receding hairline appeared at the foot of his bed, wearing a green-collared shirt and black pants. His arrival was accompanied by a loud whirring noise coming from a black box on his arm. The man had a bigger nose and a saggy face, but Martin knew he was looking at his future self.
"Oh my god, it worked. It worked," the man said as he adjusted his box.
"Jesus," Martin said. "Are you...?"
"I'm you, yes. From the future. You must have just written..." Older Martin pointed to the diary.
"...From a time machine?"
"Yes. I don't have much time. I took a lot of risks to get here."
Martin managed to nod, mouth hanging open.
Older Martin said, "Okay, first thing, ask out Michelle. She really digs you. No matter how scared or shy you are. If you don't, you'll regret it."
"Who's Michelle?"
"College. Freshman year. She lives in Sutherland Dorm. Second, invest in Giga-Write this down!" Older Martin barked.
Young Martin started writing furiously.
"Invest in Gigawire, YorkMark, and Torama."
"Those are companies?"
"Yes, and don't bother buying those collectible comic books. They're worth nothing. And Mom throws them out when you go to college anyway."
"What college do I go to?" Young Martin asked.
"Cantrell. And that's another thing. You've got to get your grades up. In tenth grade, study really hard. I mean it. Maybe you could've gone to a better school if you hadn't gotten angsty and goofed off."
As Martin scribbled, he realized this man, who he would become, wasn't very pleasant.
He continued, "And quit hanging out with those friends by the stairwell all the time. They're losers. They'll just get you into trouble."
*FLASH*
Another man appeared in the room next to older Martin. He wore a shiny blue jumpsuit and looked identical, but with more hair and freckles. "Good," he said, "I'm not too late." He was holding a black device in front of him like bike handlebars.
"Who are you?" Older Martin said.
"I'm you. Well, I'm the you that you become," he pointed at young Martin, "After you're done with your speech. Your temporal bubble must be protecting you from disappearing. Listen," he addressed young Martin, "That thing with Michelle. Don't do it. Or, if you do, wear condoms."
"Condoms?" Green-suited older Martin said, aghast.
"I swear to god, she's crazy. It won't be worth it. And pull your money out of the stock market before the 'Jefferson-Pershing' incident."
Young Martin started writing again at breakneck speed. "What's that?" he said.
"You'll know it when it comes. Also, while I'm at it, don't buy a Honda Gaia. They're terrible."
"Is that a car?" young Martin asked.
"Sort of," blue-suited Martin-of-the-future said.
*FLASH*
Now a man wearing a light periwinkle suit, partially ripped at one sleeve, stood before him. He took his glass helmet off. "Did you just tell him about Michelle?"
Blue-suited Martin nodded, jaw gaping.
"Okay, I don't know how bad she is, but she can't be as bad as Amber."
"Amber?" young Martin and blue-suited Martin said at the same time.
*FLASH*
A Martin wearing a futuristic visor and tight clothes said, "Amber? Try Fred."
"Fred?" All the Martins chorused.
Green-suited Martin said, "I hope that's a nickname."
The older Martins started talking at once, asking questions and demanding to know what had happened that necessitated so many return trips. Young Martin couldn't understand what they were saying.
*FLASH*
A Martin in a pink and gray dress said, "Listen, ignore all these guys. There's something-"
"What's with your clothes?" young Martin said, his tongue out in disgust.
"It's the fashion. Something's going to happen on November 26, 2017. And you can stop it. I've already got a plan for you. Write this down."
*FLASH*
A Martin wearing a tight-fitting white one-piece with rings floating above his head said, "Dude, your plan sucks. You can't-"
*FLASH*
A Martin wearing all black with his hair slicked back said, "Kill them all. Kill everyone in the world. None of them deserve to live."
*FLASH*
A man appeared with a gray cat's head and yellow eyes. A white orb floated between his hands like he was holding it.
"Oh my god," young Martin said, "What-"
"Yes, this is me. There is much to explain. All of the preceding has been irrelevant."
*FLASH*
"Você precisa de compreender. Se você conserva o líder da claque, você excepto o mundo." said the recently arrived Martin with dark skin and a black box around his neck.
"What did he say?" one of the future Martins said.
Now the room was full of Martins, arguing and bickering with each other, pointing fingers, yelling like a U.N. debate. Young Martin covered his ears.
His eye caught the line in his notebook with the date and time. He tore the page out, ripped it up, and threw it away.
All the Martins looked up, startled. In a single bright light, they blinked out of existence.
Martin held his breath. Thirty seconds passed, but nothing happened. When he was sure the quiet had returned, he got up, turned off the TV, and got a soda.
Daqui: http://www.kasmamagazine.com/influx-capacitor.html
The End Of The World is upon us, after all...
The Earth Is Full
NYTimes.com
You really do have to wonder whether a few years from now we’ll look back at the first decade of the 21st century — when food prices spiked, energy prices soared, world population surged, tornados plowed through cities, floods and droughts set records, populations were displaced and governments were threatened by the confluence of it all — and ask ourselves: What were we thinking? How did we not panic when the evidence was so obvious that we’d crossed some growth/climate/natural resource/population redlines all at once?
“The only answer can be denial,” argues Paul Gilding, the veteran Australian environmentalist-entrepreneur, who described this moment in a new book called “The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring On the End of Shopping and the Birth of a New World.” “When you are surrounded by something so big that requires you to change everything about the way you think and see the world, then denial is the natural response. But the longer we wait, the bigger the response required.”
Gilding cites the work of the Global Footprint Network, an alliance of scientists, which calculates how many “planet Earths” we need to sustain our current growth rates. G.F.N. measures how much land and water area we need to produce the resources we consume and absorb our waste, using prevailing technology. On the whole, says G.F.N., we are currently growing at a rate that is using up the Earth’s resources far faster than they can be sustainably replenished, so we are eating into the future. Right now, global growth is using about 1.5 Earths. “Having only one planet makes this a rather significant problem,” says Gilding.
This is not science fiction. This is what happens when our system of growth and the system of nature hit the wall at once. While in Yemen last year, I saw a tanker truck delivering water in the capital, Sana. Why? Because Sana could be the first big city in the world to run out of water, within a decade. That is what happens when one generation in one country lives at 150 percent of sustainable capacity.
“If you cut down more trees than you grow, you run out of trees,” writes Gilding. “If you put additional nitrogen into a water system, you change the type and quantity of life that water can support. If you thicken the Earth’s CO2 blanket, the Earth gets warmer. If you do all these and many more things at once, you change the way the whole system of planet Earth behaves, with social, economic, and life support impacts. This is not speculation; this is high school science.”
It is also current affairs. “In China’s thousands of years of civilization, the conflict between humankind and nature has never been as serious as it is today,” China’s environment minister, Zhou Shengxian, said recently. “The depletion, deterioration and exhaustion of resources and the worsening ecological environment have become bottlenecks and grave impediments to the nation’s economic and social development.” What China’s minister is telling us, says Gilding, is that “the Earth is full. We are now using so many resources and putting out so much waste into the Earth that we have reached some kind of limit, given current technologies. The economy is going to have to get smaller in terms of physical impact.”
We will not change systems, though, without a crisis. But don’t worry, we’re getting there.
We’re currently caught in two loops: One is that more population growth and more global warming together are pushing up food prices; rising food prices cause political instability in the Middle East, which leads to higher oil prices, which leads to higher food prices, which leads to more instability. At the same time, improved productivity means fewer people are needed in every factory to produce more stuff. So if we want to have more jobs, we need more factories. More factories making more stuff make more global warming, and that is where the two loops meet.
But Gilding is actually an eco-optimist. As the impact of the imminent Great Disruption hits us, he says, “our response will be proportionally dramatic, mobilizing as we do in war. We will change at a scale and speed we can barely imagine today, completely transforming our economy, including our energy and transport industries, in just a few short decades.”
We will realize, he predicts, that the consumer-driven growth model is broken and we have to move to a more happiness-driven growth model, based on people working less and owning less. “How many people,” Gilding asks, “lie on their death bed and say, ‘I wish I had worked harder or built more shareholder value,’ and how many say, ‘I wish I had gone to more ballgames, read more books to my kids, taken more walks?’ To do that, you need a growth model based on giving people more time to enjoy life, but with less stuff.”
Sounds utopian? Gilding insists he is a realist.
“We are heading for a crisis-driven choice,” he says. “We either allow collapse to overtake us or develop a new sustainable economic model. We will choose the latter. We may be slow, but we’re not stupid.”
Possivelmente um dos mais belos aviõies algum dia feitos
The last unit of Patience
The new shipment of patience will be delivered next Friday evening.
I will proceed without any until then.
Um post absolutamente pertinente
Outro aspecto importante destes últimos anos e desta campanha é a demissão dos jornalistas por uma informação isenta e exigente. Os jornalistas transformaram-se em actores políticos partidários. A informação livre é um dos pilares do regime democrático. Esta informação é tendenciosa, superficial, incompetente, com falta de rigor e sem o mínimo interesse de ser imparcial. Haverá excepções, obviamente, mas o panorama geral é desolador.
*
Tudo o que a Sofia diz pode ser aferido diariamente, e não só em período eleitoral, mas o problema não está na falta de isenção dos jornalistas – ao ponto de se poder pôr em causa a mera possibilidade real de uma informação livre. O que seria? Em que parte do mundo existe? A produção de informação é sempre uma actividade inerentemente política, axiológica, posto que selectiva e hierarquizante. O que nos falta é a exigência do público para que os órgãos de informação, e os jornalistas individualmente, assumam as suas preferências partidárias quando relatam acontecimentos políticos ou os criticam. Porque quem feio ama, bonito lhe parece. E vice-versa.
Os jornalistas são useiros e vezeiros nos ataques aos políticos. Tanto aqueles que elegem como ódios de estimação, como à classe, numa rivalidade corporativa despeitada nascida da intimidade, da copofonia, das histórias de alcova. Todavia, dos políticos podemos dizer que se sujeitam a uma tarefa bastante complexa, desgastante e arriscada. Arriscam passar por incompetentes, arriscam perder amigos e ganhar inimigos, arriscam serem ameaçados e devassados – para além de não se conceber como apetecível o dia-a-dia de um Sócrates ou de um Teixeira dos Santos, dá ideia de que são obrigados a passar o tempo de forma algo distinta daquela pela qual os paxás ganharam a sua fama. Que arriscam os jornalistas? E que oferecem à comunidade, para além dos seus egocêntricos estados de alma? Têm estado a educar o povo, mas andamos todos distraídos e não reparamos?
Nesta campanha, estar a ler e ouvir o comentário depreciativo dos jornalistas a respeito das vicissitudes deste e daquele político, a que se segue a inevitável acusação de faltar discussão disto ou daquilo, é um tormento. Os jornalistas-comentadores, obrigados a seguirem a actualidade hora a hora, esquecem-se do seu papel mediador, pedagógico, analítico, e assumem missões que não lhes foram – nem devem – ser confiadas. A sua proximidade com os objectos que supostamente assimilam não permite a convencida e vaidosa sentença que se arrogam estarem sempre capazes de oferecer à audiência. Acima e antes de tudo, ao se permitirem brincar aos juízes dos políticos, os jornalistas-comentadores entram na arena e passam a rivalizar com eles. Mas com uma disfuncional diferença: os jornalistas-comentadores não vão a votos, nunca perdem, não saem de cena. O resultado é maníaco, com a repetição dos mesmos clichés eleição após eleição, o que leva ao aumento do fosso entre a política e a sociedade, entre os partidos e os cidadãos. Sobre este distanciamento que ajudam a criar e a aumentar, borboleteiam como carpideiras que se extasiam eroticamente nessas dulcíssimas e lânguidas dores que lançam no éter em troca de modestas ou chorudas remunerações.
Quem são os grandes nomes do jornalismo contemporâneo? Onde estão as autoridades, os exemplos, as escolas? Alguém me pode ajudar? É que há muito mais mérito, e proveito, naquele que se candidata a uma junta de freguesia em Alguidares de Baixo, seja ele quem for e para o que for, do que no pimpão que interroga altivo e cínico o Primeiro-Ministro ou tecla displicentemente a respeito da enésima falha do líder da oposição.
Suplício de Tântalo, 2011
Tão perto, tão tentadora e tão absolutamente impossível de alcançar.
Foda-se.
Nem mais!
No fundo, quer para a extrema-esquerda, quer para a direita que temos, trata-se de voltar a pôr as coisas nos eixos, cada macaco em seu galho. Ambas conviveram, e convivem, mal com o pós 25 de Abril.
A extrema-esquerda, falhado que foi o PREC, teve que tolerar a democracia, embora a contragosto, pois sempre soube que não era a votos que chegava ao poder. Na versão mais “moderna” transformou-se em organizações de protesto, onde tudo entrou, inimigos figadais da véspera, verdadeiros sacos de gatos sem vocação para poder. Para essa esquerda, convicta do quanto pior melhor, o centro-esquerda, representado em Portugal pelo PS é, naturalmente, o inimigo a abater, porque só perante um governo de direita, de preferência ditatorial, encontrará o terreno que lhe verdadeiramente é familiar para preparar a revolução, única forma que vislumbra para alcançar o poder. Diga-se que, neste aspecto, as notícias da Grécia agradarão porventura à extrema-esquerda, nomeadamente se se confirmar a lunática intenção de ser o trio FMI/BCE/Comissão a coordenar a cobrança de impostos e o programa de privatizações, com a consequente não descartável hipótese de uma intervenção militar, previsivelmente de direita.
Já para a direita portuguesa, o PS representa aquilo que ela sabe que foi a verdadeira conquista – e, até ver, o maior sucesso – do 25 de Abril e que visceralmente abomina: a possibilidade de, sem nacionalizações ou amanhãs cantantes, se criarem mecanismos, democráticos, sobretudo ao nível do ensino, de mobilidade social e de rotura com auto-atribuídos privilégios de classe. E mesmo se esses mecanismos são ainda incipientes em Portugal, o certo é que para a direita portuguesa, que na sua maioria, e tal como a extrema-esquerda, não se entusiasma com o regime democrático, a mera possibilidade de aqueles mecanismos serem aprofundados é manifestamente intolerável. A direita não tem ilusões: em democracia é, obviamente, do PS que vem o verdadeiro perigo de esvaziamento da cultura de privilégios que a direita portuguesa sempre assumiu. Daí o ódio.
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Oferta do nosso amigo José Pires