Não dá para trabalhar, assim desta maneira, com ela ali em frente,
sentada ou passando diante de mim, fabulosa.
Acresce ao corpo de Deusa, uma simpatia imensa e contagiante com um
sorriso que traz luz à noite mais sombria.
E, por incrível que pareça, é de uma ingenuidade que já não se usa, tem
a inocência da menina que ainda se sente,
Ainda não está maculada pelo cinismo e desespero que nos domina aqui e
em tantos outros lados. Uma preciosidade....
Tento ser discreto no meu fascínio, basbaque, de adolescente carregado
de hormonas, apetece-me tê-la só para mim.
Mas não posso, é fruto proibido, o seu coração tem um dono, que quero
imaginar ser desmerecedor do seu afecto, vil.
Sinto-me como Tântalo, desesperado de sede sem nunca conseguir alcançar
a água, ali tão próxima, que lhe pode tocar.
Bruto e cheio de luxúria, fantasio devassá-la e devorá-la num frenesim
carnal e animal, vezes e vezes sem conta.
Fantasio percorrer o seu corpo tonificado com todos os meus sentidos,
sentir o seu cheiro e o sabor e a textura da sua pele.
Quero ver o fogo e ao ardor seus olhos, na sua face, sentir o cansaço
vitorioso e gracioso do seu corpo, ansioso por mais e mais.
Mas abate-se sobe mim uma profunda tristeza e sinto a impotência e a
futilidade da minha Fantasia, a realidade é fria e desolada.
A minha solidão aumenta quando ela está aqui, em frente, trabalhando
diligentemente, fabulosa...
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