Possivelmente um dos mais belos aviõies algum dia feitos
The last unit of Patience
The new shipment of patience will be delivered next Friday evening.
I will proceed without any until then.
Um post absolutamente pertinente
Outro aspecto importante destes últimos anos e desta campanha é a demissão dos jornalistas por uma informação isenta e exigente. Os jornalistas transformaram-se em actores políticos partidários. A informação livre é um dos pilares do regime democrático. Esta informação é tendenciosa, superficial, incompetente, com falta de rigor e sem o mínimo interesse de ser imparcial. Haverá excepções, obviamente, mas o panorama geral é desolador.
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Tudo o que a Sofia diz pode ser aferido diariamente, e não só em período eleitoral, mas o problema não está na falta de isenção dos jornalistas – ao ponto de se poder pôr em causa a mera possibilidade real de uma informação livre. O que seria? Em que parte do mundo existe? A produção de informação é sempre uma actividade inerentemente política, axiológica, posto que selectiva e hierarquizante. O que nos falta é a exigência do público para que os órgãos de informação, e os jornalistas individualmente, assumam as suas preferências partidárias quando relatam acontecimentos políticos ou os criticam. Porque quem feio ama, bonito lhe parece. E vice-versa.
Os jornalistas são useiros e vezeiros nos ataques aos políticos. Tanto aqueles que elegem como ódios de estimação, como à classe, numa rivalidade corporativa despeitada nascida da intimidade, da copofonia, das histórias de alcova. Todavia, dos políticos podemos dizer que se sujeitam a uma tarefa bastante complexa, desgastante e arriscada. Arriscam passar por incompetentes, arriscam perder amigos e ganhar inimigos, arriscam serem ameaçados e devassados – para além de não se conceber como apetecível o dia-a-dia de um Sócrates ou de um Teixeira dos Santos, dá ideia de que são obrigados a passar o tempo de forma algo distinta daquela pela qual os paxás ganharam a sua fama. Que arriscam os jornalistas? E que oferecem à comunidade, para além dos seus egocêntricos estados de alma? Têm estado a educar o povo, mas andamos todos distraídos e não reparamos?
Nesta campanha, estar a ler e ouvir o comentário depreciativo dos jornalistas a respeito das vicissitudes deste e daquele político, a que se segue a inevitável acusação de faltar discussão disto ou daquilo, é um tormento. Os jornalistas-comentadores, obrigados a seguirem a actualidade hora a hora, esquecem-se do seu papel mediador, pedagógico, analítico, e assumem missões que não lhes foram – nem devem – ser confiadas. A sua proximidade com os objectos que supostamente assimilam não permite a convencida e vaidosa sentença que se arrogam estarem sempre capazes de oferecer à audiência. Acima e antes de tudo, ao se permitirem brincar aos juízes dos políticos, os jornalistas-comentadores entram na arena e passam a rivalizar com eles. Mas com uma disfuncional diferença: os jornalistas-comentadores não vão a votos, nunca perdem, não saem de cena. O resultado é maníaco, com a repetição dos mesmos clichés eleição após eleição, o que leva ao aumento do fosso entre a política e a sociedade, entre os partidos e os cidadãos. Sobre este distanciamento que ajudam a criar e a aumentar, borboleteiam como carpideiras que se extasiam eroticamente nessas dulcíssimas e lânguidas dores que lançam no éter em troca de modestas ou chorudas remunerações.
Quem são os grandes nomes do jornalismo contemporâneo? Onde estão as autoridades, os exemplos, as escolas? Alguém me pode ajudar? É que há muito mais mérito, e proveito, naquele que se candidata a uma junta de freguesia em Alguidares de Baixo, seja ele quem for e para o que for, do que no pimpão que interroga altivo e cínico o Primeiro-Ministro ou tecla displicentemente a respeito da enésima falha do líder da oposição.
Suplício de Tântalo, 2011
Tão perto, tão tentadora e tão absolutamente impossível de alcançar.
Foda-se.
Nem mais!
No fundo, quer para a extrema-esquerda, quer para a direita que temos, trata-se de voltar a pôr as coisas nos eixos, cada macaco em seu galho. Ambas conviveram, e convivem, mal com o pós 25 de Abril.
A extrema-esquerda, falhado que foi o PREC, teve que tolerar a democracia, embora a contragosto, pois sempre soube que não era a votos que chegava ao poder. Na versão mais “moderna” transformou-se em organizações de protesto, onde tudo entrou, inimigos figadais da véspera, verdadeiros sacos de gatos sem vocação para poder. Para essa esquerda, convicta do quanto pior melhor, o centro-esquerda, representado em Portugal pelo PS é, naturalmente, o inimigo a abater, porque só perante um governo de direita, de preferência ditatorial, encontrará o terreno que lhe verdadeiramente é familiar para preparar a revolução, única forma que vislumbra para alcançar o poder. Diga-se que, neste aspecto, as notícias da Grécia agradarão porventura à extrema-esquerda, nomeadamente se se confirmar a lunática intenção de ser o trio FMI/BCE/Comissão a coordenar a cobrança de impostos e o programa de privatizações, com a consequente não descartável hipótese de uma intervenção militar, previsivelmente de direita.
Já para a direita portuguesa, o PS representa aquilo que ela sabe que foi a verdadeira conquista – e, até ver, o maior sucesso – do 25 de Abril e que visceralmente abomina: a possibilidade de, sem nacionalizações ou amanhãs cantantes, se criarem mecanismos, democráticos, sobretudo ao nível do ensino, de mobilidade social e de rotura com auto-atribuídos privilégios de classe. E mesmo se esses mecanismos são ainda incipientes em Portugal, o certo é que para a direita portuguesa, que na sua maioria, e tal como a extrema-esquerda, não se entusiasma com o regime democrático, a mera possibilidade de aqueles mecanismos serem aprofundados é manifestamente intolerável. A direita não tem ilusões: em democracia é, obviamente, do PS que vem o verdadeiro perigo de esvaziamento da cultura de privilégios que a direita portuguesa sempre assumiu. Daí o ódio.
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Oferta do nosso amigo José Pires
Welcome to the Club
Feel-good post for a fucked-up week to be
Foda-se
Não, não trouxe guarda-chuva.
Sim, estou de mau humor.
Não, não tenho pachorra.
Nenhuma.
Das vantagens pessoais menos óbvias de ser Português
Por várias razões que neste momento me cercam.
Cansaço
Cansado e sem nehuma vontade de encarar o dia. Mais um dia de rotina modorrenta. Sozinho. Com tanta gente à volta.
Tenho muito que fazer, no emprego, os trabalhos para o curso. Mas este cansaço consome-me, esgota-me a Vontade e drena-me a resistência.
Vontade. Querer. O Cansaço leva-me a Força quase toda só para me opôr a ele. Sobra pouco para o resto.
Dormir, horas seguidas, em silêncio. Embalado por uma brisa morna e um suave restolhar das folhas nas árvores.
Sonho de paraíso. Sem horas nem obrigações nem preocupações nem nada. Utopia.







