Aborrecem-me epicamente a estupidez e o preconceito analfabeto e boçal. Assim como as ideias-feitas.
Encontro-os todos os dias excepto quando fico em casa ou quando estou apenas com os amigos.
Os autocarros são experiência psicossociológicas interessantes.
Aborrecem-me os fundamentalismos religiosos, doutrinários e todos os outros.
Os fundamentalistas futeboleiros são especialmente sarrazinentos, a par dos jornalistas, que na sua maioria são uns imbecis ignorantes. A maioria dos segundos escreve mal, os primeiros duvido que saibam assinar até de cruz.
Aborrece-me a trupe de putas e putos, bichas escandalosas e bichos de cobrição e os seus chulos e azeiteiros que compõem o grupo dos que são supostamente famosos, e desprezo a sua torpe pandilha de fãs que diligentemente compram toda a espécie de pasquins com os retratos (encomendados e fraudulentos) das suas vidas vazias e fúteis.
Não passam de uma vara espúria de toxicodependentes, aqueles agarrados à coca e ao viagra e seus sucedâneos, e mais às benzodiazepinas e a levar no cú e na cona em série ou em paralelo, estes agarrados às publicações em papel couché, às benzodiazepinas reais e virtuais, à televisão e mais o futebol e as novelas e caralho a trinta!
Aborrece-me a juventude padronizada, de look rebelde direitinho e politicamente correcto, agarrados às Floribellas com morangos com açucares ou adoçantes, promíscuos e lascivos, tropa fandanga de meninas e meninos levianos que o que querem é foder e beber.
“O mundo é tão giro e nós todos tão bonitos, nem sei como é possível sermos assim tipo sei lá...”
Aborrecem-me os autarcas deste país, queiram ou não queiram, são eles a base da corrupção nacional. Boçais, provincianos, parolos, quase todos, sem horizontes nem um pingo de cultura. Cegos pela ganância e toldados pela soberba, nojentos, abjectos, quase todos, independentemente da cor política.
Aborrece-me este triste país este onde a imprensa de sucesso é a imprensa futebolística com 3 diários 3, não consigo saber onde se arranja tanto que falar sobre a bola mesmo com o campeonato no defeso.
Enchem-me de asco todos os seus compradores e jornalistas semi-analfabetos. E mais os vinte e quatros horas e tais e quais. Tenho saudades do Jornal do Incrível.
Aborrecem-me os funcionários públicos e os privados e os sindicatos. E ainda me aborrecem mais o patrões, precisamos antes de empresários e não desta triste cáfila de curiosos, jeitosos e xicos-espertos, sempre a ver onde é possível passar a perna ao sistema.
Aborrece-me a justiça portuguesa lenta, balofa, obesa mórbida. Aborrecem-me os seus advogados e juízes e funcionários judiciais inoperantes, corruptos e preguiçosos – escolha uma das opções ou uma mistura em partes variáveis destas três. O país não é um país de Direito, de respeito pelas leis. É um país de providências cautelares emitidas de comarcas e juízos do raio que parta e pergunto-me a troco do quê delibera um tribunal de Bragança sobre um acontecimento em Lagos. Estamos a ser governados por um seita que nunca foi a votos e já que falo nisto porque não serem os meritíssimos eleitos pelos cidadãos?
Agora reparo que meritíssimo é muito parecido com meretriz.
Aborrece-me tanta coisa que fiquei aborrecido agora.
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