O texto seguinte é da autoria d'
O Jumento (um dos mais lúcidos blogues portugueses) e nele se diz quase tudo o que eu penso sobre a quase totalidade desta (inenarrável) classe profissional, uma das mais "ajericadas" do nosso país.
Ao que nele é dito sinto-me na obrigação de acrescentar a quase total ausência de profissionalismo nas matérias apresentadas, reveladoras de uma preguiça e extrema pobreza intelectual que grassam neste meio. Na imprensa escrita abundam os erros gramaticais (que não podem ser atribuídos apenas a erros tipográficos) e os erros de sintaxe.
As matérias apresentadas revelam a maioria das vezes uma falta de preparação e de conhecimento mínimo necessários para que a peça tenha um mínimo de valor; o caso toma proporções alarmantes sempre que os assuntos são do foro das Ciências, sempre que apresentam estatísticas e quase sempre tudo o que implique saber um pouco mais do que as mais simples operações aritméticas básicas, a soma e a subtracção, já que para alguns, a multiplicação e a divisão estão fora do seu alcance. Isto incluí a Economia, que por estes tempos é matéria de grande interesse e importância.
Esta situação só é possível porque a maioria da população está "em linha" com estes "profissionais", é atrevidamente ignara e muito pouca coisa lhes interessa para além do pífio jogo da bola, da coscuvilhice e vidas alheias apresentadas em páginas de papel brilhante e do torpor proporcionado pelas novelas e demais congéneres e o ocasional concurso apresentado por uma celebridade menor.
O caso da TVI de Manuela Moura Guedes é apenas um caso extremos, há muito que nesta estação de televisão se promove o culto da personalidade da família Moniz. Mas, curiosamente, nenhum dos que reagiram às críticas de Sócrates analisou o seu trabalho jornalístico, como se este fossen inquestionável.
A forma como os jornalistas reagem a qualquer ataque a um dos seus até faz pensar que o jornalismo praticado em Portugal é de qualidade e, por conseguinte, independente. Se assim é porque razão desde que Ricardo Salgado ameaçou o Expresso que não colocaria mais publicidade naquele jornal se voltasse a escrever sobre o “mensalão”, nunca mais saiu uma notícia sobre este caso no Expresso ou em qualquer outro jornal?
Ninguém repara, por exemplo, que a TVI apresenta em directo ao domingo à noite um programa com crianças, algumas delas com pouco mais de seis anos, que estão em idade escolar? Algum jornalista questionou se é aceitável que crianças que estão a pouco mais de dois meses do fim do ano lectivo sejam sujeitas a um horário intenso de ensaios? É evidente que não, da mesma forma que ninguém questionou as condições que foram produzidos outros programas do género, quem se meter com o Moniz e a Manuela Moura Guedes leva. Nem mesmo a Inspecção-Geral do Trabalho, a Inspecção-Geral do Ensino ou mesmo as muitas personalidades que se preocupam com as criancinhas ficam incomodadas ao ver uma criança a cantar em directo à meia noite de domingo.
Também ninguém repara nalguns jornais que numa página dedicam uma notícia simpática a uma qualquer empresa e três ou quatros páginas depois aparece um anúncio de página inteira dessa mesma empresa.
Alguém vê um jornal dedicar uma notícia a uma prática menos transparente de um banco ou de uma das grandes empresas que enchem páginas de publicidade.
Este misto de manifestações de indignação com guinchos de virgens com que os jornalistas reagem aos que os criticam é cada vez mais frequente, os mesmos jornalistas que têm contribuído de forma sistemática para a degradação da imagem da vida política portuguesa tentam impor a todas as personalidades pública um código de conduta segundo o qual todos os que quiserem aparecer em público deverão sentir temor reverência pelos órgãos de comunicação social, deverão ser mesmo subservientes em relação aos jornalistas.
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